Dúvidas Frequentes

A cirurgia bariátrica é uma intervenção que ajuda no tratamento de obesidade grave e suas comorbidades. O procedimento consiste em um conjunto de técnicas que alteram o tamanho ou funcionamento do sistema digestivo do paciente, facilitando a perda de peso.

A cirurgia bariátrica e a cirurgia metabólica são o mesmo procedimento, mas cada uma tem objetivos e motivações diferentes: a primeira intervenção visa tratar principalmente a obesidade, enquanto a intervenção metabólica é feita com o intuito de tratar doenças como diabetes e hipertensão.

As metodologias utilizadas na cirurgia bariátrica dividem-se entre três tipos: restritivas, disabsortivas e mistas. Nas técnicas restritivas, o procedimento limita o volume de alimento sólido que o paciente consegue ingerir nas refeições, levando ao emagrecimento. O procedimento diabsortivo, por sua vez, reduz a capacidade de absorção do intestino. As técnicas mistas, como o nome indica, unem um pequeno grau de restrição com a má absorção dos alimentos.

O Conselho Federal de Medicina atualmente permite a utilização de diferentes metodologias cirúrgicas, sendo elas:

  • Bypass gástrico: intervenção que retira uma grande parte do estômago e liga o início do intestino à porção restante do estômago, diminuindo o espaço disponível para a comida e a quantidade de calorias absorvidas;
  • Banda gástrica: consiste na colocação de um dispositivo em forma de anel ao redor do estômago, de modo que ele diminua de tamanho e tenha menor capacidade de ingerir alimentos;
  • Gastrectomia vertical: também chamada de sleeve, esta cirurgia remove parte do estômago sem alterar a ligação natural entre o órgão e o intestino;
  • Derivação biliopancreática: o procedimento remove uma parte do estômago e a maior parte do intestino delgado, principal região onde ocorre a absorção de nutrientes;

Nenhuma das metodologias pode ser considerada melhor do que a outra, e a escolha pela técnica mais adequada é sempre individualizada e deve levar em conta as necessidades e características de cada paciente.

Todo procedimento médico oferece riscos, por menores que sejam. Atualmente, a taxa de letalidade da cirurgia bariátrica é estimada em 0,2% — um número justificado pelos avanços da medicina e evolução das técnicas minimamente invasivas. Em geral, é muito mais arriscado permanecer obeso e sofrer com as consequências da doença.

A maioria dos riscos da cirurgia bariátrica tem relação direta com a obesidade, podendo variar de acordo com as comorbidades apresentadas pelo paciente. As principais complicações possíveis são sangramento interno, embolia pulmonar, formação de fístulas e vômitos. Essas complicações normalmente surgem ainda durante a internação hospitalar, podendo ser rapidamente solucionadas pela equipe médica.

A obesidade é uma doença multifatorial, que envolve questões psicológicas, alterações metabólicas, questões sociais, herança genética e fatores ambientais. O controle do problema, portanto, envolve não apenas a cirurgia: é preciso do acompanhamento de nutricionista, psicólogo, endocrinologista, cardiologista e outros profissionais.

Pré-operatório e recuperação cirúrgica

A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com obesidade acima de grau II e que não obtiveram resultados após tratamento clínico baseado em uso de medicamentos, realização de dieta e prática regular de exercícios físicos. Em geral, o procedimento é indicado para indivíduos com idade entre 16 e 65 anos que apresentam os seguintes Índices de Massa Corporal (IMC):

  • IMC igual ou superior a 50 kg/m²;
  • IMC igual ou superior a 40 kg/m², sem perda de peso após acompanhamento médico e nutricional por pelo menos 2 anos;
  • IMC igual ou superior a 35 kg/m² e presença de outras doenças de risco associadas à obesidade, tais como pressão alta, diabetes descontrolada e colesterol alto.

A cirurgia não é indicada para pessoas que apresentam quadro de transtorno psiquiátrico não controlado e para indivíduos com limitação intelectual significativa e sem suporte familiar adequado. Algumas alterações genéticas também podem levar à contraindicação do procedimento.

Normalmente, sim. A maioria dos pacientes precisa seguir um plano alimentar individualizado com o intuito de reduzir a gordura presente no fígado e no abdômen. Esta etapa também é importante para que o paciente comece a se preparar para as mudanças alimentares que serão necessárias na etapa pós-operatória.

O período pós-operatório da cirurgia bariátrica demanda uma adaptação nutricional, física e psicológica do paciente. A alta hospitalar geralmente acontece 1 ou 2 dias após a intervenção, e o indivíduo pode retornar às suas atividades do cotidiano após aproximadamente 15 dias. O paciente já precisa iniciar uma dieta líquida imediatamente após a operação, passando para alimentação pastosa após cerca de 3 meses.

O paciente também recebe uma rotina de treinos físicos para ir executando ao longo da recuperação, passando também por acompanhamento psicológico e nutricional.

Ao todo, a recuperação da cirurgia bariátrica pode demorar entre seis meses e um ano, período em que o paciente perde entre 10% e 40% do seu peso inicial.

Perda de peso e a vida pós-bariátrica

Normalmente, o paciente perde entre 30% e 40% do seu peso enquanto obeso. Isso significa que uma pessoa que foi operada com 100 kg vai perder aproximadamente 30 a 40 kg.

Caso o paciente não consiga reeducar seus hábitos alimentares, é possível que ele volte a engordar mesmo após se submeter a uma cirurgia bariátrica. A operação não pode ser vista como uma solução definitiva, mas como parte dela. A adoção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos devem fazer parte da vida do paciente.

Após passar por todo o processo de adaptação dietética do período pós-operatório, o paciente poderá comer de tudo, mas em quantidades menores. O ideal, porém, é que o indivíduo adote uma dieta mais equilibrada e saudável após a cirurgia.

Também conhecida como esvaziamento gástrico rápido, a síndrome de dumping é uma complicação da cirurgia bariátrica que geralmente indica que o paciente não está seguindo a dieta de maneira adequada. A alteração é ocasionada pela passagem rápida, do estômago para o intestino, de alimentos ricos em gordura, carboidratos simples ou açúcares.

O dumping se manifesta cerca de 30 minutos a até 3 horas após a refeição, e caracteriza-se por sintomas de taquicardia, sudorese, tontura, queda de pressão arterial e diarreia.

Sim. Logo após a cirurgia bariátrica, é recomendado que o corpo seja movimentado com caminhadas curtas ainda no hospital. Após receber alta, o paciente é liberado para praticar atividades moderadas e sem impacto. Aos poucos, os demais exercícios vão sendo permitidos. Vale lembrar que a prática de uma atividade física é fundamental para a manutenção do peso perdido e para uma vida saudável.

É comum que os pacientes apresentem uma leve perda de cabelo nos primeiros meses após a cirurgia bariátrica. Este é um efeito colateral temporário, e que geralmente é solucionado com a ingestão dos nutrientes adequado para o organismo.

É recomendado aguardar aproximadamente 15 meses para engravidar após uma cirurgia bariátrica, de modo a garantir uma gestação segura. Em muitos casos, a perda de peso pode até mesmo favorecer uma concepção, já que a obesidade pode prejudicar a fertilidade e saúde geral da mulher.

Sim. A cirurgia bariátrica altera a absorção dos alimentos, sendo muito comum que os pacientes operados desenvolvam quadros de deficiência vitamínica. A suplementação é necessária, e deverá ser orientada por um especialista conforme os resultados apresentados nos exames periódicos de acompanhamento.

Nem sempre é necessário, mas há casos em que a perda de peso faz com que o paciente fique com excesso de pele e se sinta incomodado com isso. A intervenção reparadora só pode ser realizada quando a perda de peso estiver totalmente estabilizada, o que ocorre cerca de dois anos após a cirurgia bariátrica.

Referência:
Dr. Nestor Bertin
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica